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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

Valdi FERREIRA LIMA

( Brasil – Ceará )

 

Cearense da Serra da Donana, município de Jucás., centro-sul do Estado.
Aprendeu a ler a Bíblia, pela primeira vez, único livro que havia naquela comunidade casas de taipa e jiraus.  Se encantou com o lirismo dos salmos e simetricamente com os repentes dos violeiros que vinham cantar no alpendre  da casa de seu avô materno. Vindo dessas duas vertente sua influência poética..
É formado em História, em Língua Espanhole e em Engenharia.  Aposentado como Engenheiro da Companhia Energética do Ceará.
Tem publicados "O Guardador de Raízes " (biografia de seu pai), "Poemas para se Assobiar de Longe" e
"Apontamentos sobre o Cultivo da Poesia" e prontos a publicar, "O Terceiro Anonimato", "Outono do Quase Novo" e "Quase Poemas de Quase Amor e Quase Abandono" — todos em poesia.

POETICOIA  11/2022.       Inclui os poetas Jovina Benigno, Auzana Pagot, Dora Lampert, Ferreira Lima,  R. Brossa, Thiago Medeiros.   São Paulo: OIA editora, 2022.   92 p.         14 x 20,5 cm. 
ISBN 978-85-84-84945-01-2                      
Ex. bib. Antonio Miranda

 

O(S) POETA(S)

em meio a tudo

na mais absurda solidão
o poeta

 

escreve
sem pompa
sem luvas
sem conta

é postulado:

não há que lhe possa ajudar
nesses momentos de criação

às vezes
um celular
uma grafite
um guardanapo
lhe salva

além de uma luz que ele não sabe
de onde vem

o poeta
respira
transpira
e range
e ruge

como uma leoa enbarazada
até ter o poema
mas tantas vezes o poema nasce
de um beijo roubado

( ter um poema
é dar à luz
a si mesmo )

o poeta


 

não é normal
cultiva hábitos estranhos

( um deles é sondar os sábios
se fingindo de tolo )

se define em uma palavras
nem anjo
nem profeta
um anônimo
que derrotou um falso deus
num jogo de palavras

vive acompanhado
de sombras
que não são suas

fareja o ar
com narinas frenéticas
e pressente verso

( palavras prenhes
lhe são caras )

tem o sestro de sentimentos
nobres
e de amar sem nenhuma volta
entre os poderosos
e a humanidade
defende os humilhados

                                       o poeta
exorciza os gnomos
da moda
mas adora o novo

mastiga maços de folhas brancas
até sentir o gosto do poema
no papel

às vezes
levita pelas ruas e praças

e troca atenção por virtudes
com os desapoderados
com os que nunca terão nome
com os que só têm fome
se tivesse de escolher uma qualidade
para si
seria
l e s o

poucos
poeta(s)
vivem de sua própria glória

os outros são catadores de palavras abandonadas
no terreiro de Deus

 

*

VEJA e LEIA outros poetas do CEARÁ em nosso Portal:

 

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/ceara/ceara.html

 

Página publicada em outubro de 2022


 

 

 
 
 
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